Hoje, o
Brasil se orgulha de ter um dos sistemas de votação mais eficientes do mundo,
contando até com urna eletrônica. Nem sempre foi assim. Nos mais de 180 anos
desde a independência, as regras eleitorais mudaram quase tantas vezes quanto
os governantes. “Poucos países têm uma história eleitoral tão rica quanto à do
Brasil”, diz o cientista político Jairo Nicolau no livro História do Voto no
Brasil (Jorge Zahar). A obra traz um monte de curiosidades sobre a história das
votações:
·
Entre
1824 e 1880, o voto para cargos legislativos era direto. Os “votantes”
escolhiam “eleitores”, que elegiam senadores, deputados e vereadores.
·
A
eleição era realizada na igreja matriz da paróquia, logo depois da missa.
·
Não
havia candidatos. Os votantes traziam de casa um pedaço de papel com o nome, a
profissão e o endereço de qualquer pessoa de que gostassem. Em algumas
ocasiões, essas cédulas vinham prontas em jornais ou eram entregues por cabos
eleitorais na porta da igreja.
·
O
alistamento acontecia no dia da eleição, quando uma junta fazia a listagem de
todos os cidadãos aptos para votar. Era comum o mesmo eleitor votar cinco ou
seis vezes em paróquias diferentes.
·
Uma
pessoa podia votar por outra.
·
Até
1889, ano da Proclamação da República, era preciso ter uma renda mínima para
votar. Mas só em 1875 tornou-se necessário comprová-la. Foi nesse ano que se
instituiu o título de eleitor.
·
A
pessoa precisa assinar o próprio nome na cédula. Se não conseguisse, outras
pessoas assinavam por ela. Em 1889, o voto foi proibido para analfabetos. Só em
1985 isso mudou.
·
Os
eleitores votavam no número de representantes a que cada paróquia tinha
direito. Se ela elegia sete deputados, então cada eleitor escolhia sete
pessoas. Em 1904, tornou-se possível votar até quatro vezes no mesmo candidato.
·
Também
em 1904, determinou-se que o eleitor preenchesse duas cédulas: uma ia para a
urna e outra ficava com ele, para que pudesse provar em quem votou.
·
O
Brasil deu voto às mulheres em 1932 – 12 anos antes da França e 32 anos antes
de Portugal.
Fonte: Super Interessante, Setembro, 2002, p. 22.
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